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Sobre o Racismo (Por Mauro Crespo Nunes)
Precisamos falar sobre o racismo. Precisamos pensar sobre o racismo. Precisamos entender o que gera o racismo estrutural em sociedades como a brasileira e a americana, por exemplo.
PRECISAMOS COMBATER O RACISMO…
Em uma análise sobre o racismo estrutural na sociedade americana, a autora MICHELLE ALEXANDER, em seu livro A NOVA SEGREGAÇÃO, RACISMO E ENCARCERAMENTO EM MASSA, nos mostra como ações como a GUERRA ÀS DROGAS são, veladamente utilizadas para afastar determinados grupos da sociedade, no caso, os negros.
A suposta neutralidade racial norte-americana, através do mecanismo da Guerra às Drogas, criou uma subcasta racial de párias, os negros. Primeiramente, nos lembremos que as prisões naquele país são, em grande número, privatizadas, sendo um grande negócio mantê-las cheias.
A Guerra às Drogas, começada no governo Reagan, estipula leis draconianas para quem consome ou vende drogas, principalmente o crack, em pequenas ou em grandes quantidades. Uma das maneiras de incentivar as polícias a atuarem nessa Guerra é o prêmio em equipamentos, e até em dinheiro, para os Estados e Municípios que executarem as diretrizes dessa Guerra.
Nos tempos da escravidão, o negro escravizado valia 3/5 de um homem; nos tempos da lei chamada de Jim Crow, os negros eram pessoas de segunda classe, tendo lugares separados em transportes e lugares em que não podiam entrar; na Guerra às Drogas, o negro é “criminoso”.
Ocorre que, segundo pesquisas, os maiores consumidores e vendedores de drogas, são brancos; mas os negros são em proporção de 5 para 1 dos aprisionados por esses delitos. E como isso é levado a cabo? Simples… os negros são parados e revistados nessa mesma proporção. Esse encarceramento da população negra permite um controle social racializado e a manutenção de um eleitorado cada vez mais branco. Mas como esse controle é feito ? Vejamos exemplos…
Negros dirigindo são potenciais suspeitos, sendo parados em grande número. Então se alguém emprestou o carro (pai, mãe, avós…) para o negro e ele é parado, revistado e é encontrado com ele algum tipo de droga, o carro pode ser apreendido pela polícia, mesmo seu dono nada tendo a ver com o caso (e, como o carro é um objeto do delito e seu dono não é acusado, esse proprietário NÃO TEM DIREITO A ADVOGADO, por não ser parte no caso); o carro fica com a polícia que executou a prisão.
Nos EUA existe a norma dos 3 delitos (nesse limite a pena é mais extensa), portanto, para garantir a permanência do negro na prisão, se ele tiver uma porção de maconha e outra de crack, são dois delitos na mesma prisão; e, se ele tentou fugir ou passou em um sinal vermelho ou não parou numa faixa de segurança, temos aí o terceiro delito, que pode lhe render 50 anos ou mais na prisão.
Negros que tenham passado algum tempo encarcerados, ao deixarem a prisão, NÃO PODEM VOTAR, NÃO PODEM TER ALUGUEL SOCIAL, NÃO PODEM FINANCIAR IMÓVEL OU VEÍCULO, NÃO PODEM MORAR COM ALGUÉM DE SUA FAMÍLIA (porque, se por acaso cometam outro delito, o imóvel de quem o abrigou, mesmo sendo inocente, pode ser apreendido ou, se for aluguel social, o imóvel e retomado), E, NO MOMENTO DE PROCURAR EMPREGO É OBRIGATÓRIO INFORMAR QUE JÁ ESTEVE EM PRISÃO (sob o risco de voltar para a prisão se cometer o delito de não informar); entre tantos outros de exclusão social da população negra.
ISSO É UMA DAS MANEIRAS COMO O RACISMO ESTRUTURAL SE FIRMA NO SEIO DE SOCIEDADES COMO A AMERICANA E A BRASILEIRA.
Aqui também temos o encarceramento em massa de negros e, assim como lá, também temos o genocídio da população negra, jovem e pobre, a cargo das polícias.
Não creio que devamos ter como meta a ser alcançada a exclusão social de negros praticada nos EUA, mas estamos muito próximos deles. Infelizmente.
TEMOS QUE COMBATER O RACISMO SEMPRE, A CADA VEZ QUE VIRMOS ESSA PRÁTICA NEFASTA DO SER HUMANO.
REPITO…NÃO BASTA NÃO SERMOS RACISTAS, PRECISAMOS COMBATER O RACISMO, HOJE E SEMPRE.
Por Mauro Crespo Nunes – diretor do Sindicato dos Bancários de Pelotas e Região e funcionário da Caixa
Fonte: Sindicato dos Bancários Pelotas e Região
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