Áudios obtidos pela PF mostram militares dispostos a uma ‘guerra civil’ para manter Bolsonaro no poder
Nunca neste mundo se está sozinho (por Leonardo Melgarejo)
Acontece em Porto Alegre mais uma edição do Fórum Social das Resistências.
Temas urgentes, discussões envolvendo o combate à fome e à degradação da saúde, motivações de guerras, rupturas em relações, direitos e contratos sociais, e caminhos para defesa do planeta, além de alternativas para o enfrentamento dos mecanismos utilizados para tutelar, controlar e embrutecer o espírito humano.
Verdadeiras oportunidades para avaliações coletivas do urgente e do necessário, e acontecendo em nossa cidade.
Oportunidades subaproveitadas.
O que pensar disso?
Seria consequência de uma espécie de pandemia alienante?
Algo relacionado ao consumo de substâncias que comprometem a saúde?
Talvez. Afinal existem estudos relacionando crescente déficit cognitivo de jovens e adultos, à presença de metais pesados e agrotóxicos no ar, na água e nos alimentos.
E também não se pode descartar a depressão generalizada, que se relaciona às crises do Brasil pós golpe e à pratica hoje desvairada de automedicação. Os drogaditos automedicados seriam, conforme pesquisa do Conselho Federal de Farmácia cerca de 77% dos brasileiros.
E seguramente não podemos descartar o negócio e o poder envolvido nas manipulações e no controle de informações que, bem trabalhadas, acabam nos levando a descrer do que somos e do que nos cabe fazer.
Afinal, o que se sabe, e o que se esconde, é decisivo para a formatação da consciência social. Por isso, quando a ocultação de fatos atende a interesses poderosos, pessoas sem escrúpulo se aproveitam disso para obter benefícios e não se vexam de ajudar na criação de mitos.
Não há de ser sem motivos que informações relevantes sobre a famiglicia estão acobertadas por cem anos de sigilo. Também não deve ser esquecido que as alegações de sigilo para negação de respostas cresceu 663% neste governo, em relação ao anterior.
Neste sentido, e sem descartar a hipótese de que estamos nos embrutecendo por intoxicações diversas, quero crer que a manipulação de informações explica melhor o desinteresse da população em se apropriar de questões verdadeiramente relevantes.
Vejam que no Carnaval deste ano as grandes mídias abafaram o destaque atribuído pelos carnavalescos a problemas sociais estruturantes da miséria nacional. Nada de novo. Repetiu-se ali, na festa do povo, aquele tratamento oferecido aos milhares de jovens da classe média que há cerca de 30 dias gritavam Lu-Lá, LuLá e FóraBolsoná-rô, no festival Lollapalooza.
E isso leva a pensar que a decisão da ONU, esta semana, reafirmando irregularidades no julgamento de Lula, também poderá vir a ser desconsiderada pelas grandes redes de comunicação social.
E vejam que não é pouca coisa o fato de a ONU cobrar do Brasil, em prazo de 180 dias, explicações a respeito de como serão providenciadas as reparações a Lula, pela cassação de direitos políticos, difamação e 580 dias de prisão, sem culpa. Também perguntam as medidas que serão tomadas pelo governo para que aquele fato não se repita com outras pessoas, e como será garantida ampla divulgação, aos brasileiros, daquela injustiça e do posicionamento dos 15 juízes internacionais, sobre a questão. Para detalhes ver vídeo ONU: Moro, Lula e a fraude nas eleições de 2018.
Com estas informações na mão, como que acordados do transe, o que nos resta fazer?
Creio que nos cabe aprender, e persistir.
Aprender com os organizadores do Fórum Social 2022, que é preciso plantar. Sempre. Na certeza de que a colheita virá.
E aprender com o Lula.
Ele nos mostrou que com sabedoria e coragem nunca, nesse mundo, se está sozinho.
E persistir, com as roupas e as armas de Jorge. Salve Jorge.
:: Ouça esta coluna em áudio no site do Coletivo Catarse ::
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko
Leonardo Melgarejo
Engenheiro Agronômo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1976), mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1990) e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2000). Foi representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário na CTNBio (2008-2014) e presidente da AGAPAN (2015-2017). Faz parte da coordenação do Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos (2018/2020 e 2020-2022) e é colaborador da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, do Movimento Ciência Cidadã e da UCSNAL.
0 comentários
Adicionar Comentário