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Nos 60 anos da Campanha da Legalidade, Brasil segue acossado pelos militares (por Jeferson Miola)
Avante brasileiros de pé
Unidos pela liberdade
Marchemos todos juntos de pé
Com a bandeira que prega a igualdade
Avante brasileiros de pé
Unidos pela liberdade
Marchemos todos juntos de pé
Com a bandeira que prega a liberdade
Protesta contra o tirano
Se recusa a traição
Que um povo só é bem grande
Se for livre como a Nação
Avante brasileiros de pé
Unidos pela liberdade
Marchemos todos juntos de pé
Com a bandeira que prega a liberdade
Hino da Legalidade, letra de Lara de Lemos e Demósthenes Gonzalez e música de Paulo César Pereio.
É brutal o processo de apagamento da memória e da verdade histórica do Brasil.
Ontem, 24 de agosto de 2021, quando se completaram 67 anos do suicídio de Getúlio Vargas, não se viu um único registro sequer – não só nos maiores jornais do país, como também nos noticiários dos principais [senão de todos] canais de televisão.
Neste 25 de agosto de 2021 a Campanha da Legalidade liderada pelo governador gaúcho Leonel Brizola para garantir a posse do Jango na presidência completa exatos 60 anos [aqui].
Apesar da relevância deste acontecimento para a luta democrática e para a modernização democrática do Brasil, nenhuma linha foi dedicada ao assunto em nenhum jornal do centro do país.
Este apagamento histórico estimula, por exemplo, que ainda hoje comandantes militares inescrupulosos e usurpadores classifiquem o golpe de 1964 como “revolução” e neguem que o terror sanguinário de Estado tenha sido uma ditadura.
A alienação do povo brasileiro acerca da sua própria história, ao lado da impunidade dos perpetradores de crimes contra a democracia e a humanidade, favorece a repetição do comportamento autoritário, antidemocrático e golpista das oligarquias dominantes e das Forças Armadas.
O suicídio do Vargas e a Campanha da Legalidade possuem especificidades próprias. Apesar destes acontecimentos estarem datados no início da segunda metade do século 20, são processos que estão na raiz da tragédia atual do Brasil.
Estes dois episódios guardam semelhanças significativas com o atual período histórico. Destacam-se, em relação a isso, [i] a incompatibilidade hereditária das classes dominantes com a democracia e o desprezo delas pela soberania popular; e [ii] a atuação das Forças Armadas, em especial do Exército, como facção partidária reacionária e de extrema-direita.
Assim como naquele momento da vida nacional, hoje a democracia brasileira continua acossada pela interferência indevida e inconstitucional dos militares.
O humorista Millôr Fernandes tinha razão quando dizia que o Brasil tem um enorme passado pela frente. O Brasil só conseguirá se encontrar com um futuro almejável – e alcançável – de liberdade, justiça, democracia, desenvolvimento soberano e igualdade social quando o destino do país estiver nas mãos das maiorias sociais.
Como diz o Hino da Legalidade, Avante brasileiros de pé, Marchemos todos juntos de pé, Que um povo só é bem grande Se for livre como a Nação.
*Jeferson Miola
Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial
Fonte: jefersonmiola.wordpress.com
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