Psol se decide por candidatura própria à sucessão de Arthur Lira e lança Pastor Henrique
MST lamenta posicionamento de professores da Veterinária da UFPel contra o Pronera
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra lançou uma nota pública nesta sexta-feira (10) lamentando o posicionamento de professores/as contra a renovação da Turma Especial de Medicina Veterinária (TEMV) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O grupo afirma que o projeto não preservou os direitos democráticos e de construção dentro das instâncias colegiadas da UFPel. Também questiona as condições da faculdade, físicas e de pessoal, para atender as turmas e o aproveitamento dos formandos no mercado de trabalho.
O manifesto, assinado por 30 docentes, afirma que o objetivo é interromper a tramitação do processo, “buscando esclarecimentos sobre a continuidade da oferta destas turmas especiais e promovendo uma discussão democrática entre docentes, técnicos, estudantes (principalmente do curso de Medicina Veterinária) e médicos veterinários, levando em consideração sim a necessidade de construir reais oportunidades para estudantes de baixa renda vinculados ao meio rural, sendo eles integrantes ou não de movimentos sociais”.
Em sua nota, o MST lamenta o intenso preconceito com o povo brasileiro, por parte de setores conservadores, em especial em relação às populações pobres do campo.
“Esta camada preconceituosa da sociedade não reconhece que o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) é uma política pública que estende a jovens oriundos de áreas de reforma agrária o direito de acessarem a universidade pública, bem como garante acesso a quilombolas e beneficiários do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF). E que este Programa só se constituiu devido a intensa luta e pressão política dos movimentos sociais do campo na década de 1990. Sem o protagonismo dos movimentos sociais, políticas públicas como o Pronera não existiriam.”
Segundo matéria no site do Incra, em 24 anos de existência, o Pronera já atendeu mais de 191 mil jovens e adultos em todo o Brasil. Ao longo desse tempo, foi alcançada a marca de 529 turmas de estudantes. São formações nas modalidades Educação de Jovens e Adultos (EJA), nível médio profissionalizante, graduação, especialização e mestrado. Também são realizados cursos de capacitação e escolarização de educadores para o ensino fundamental, além de formação inicial e continuada de professores sem formação, ambos em áreas de reforma agrária.
Criado em 1998, o programa é direcionado a moradores de assentamentos criados ou reconhecidos pelo Incra, quilombolas, trabalhadores acampados cadastrados na autarquia, além de beneficiários do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF).
Confira a íntegra da Nota do MST
É lamentável nos dias de hoje ainda verificarmos, por parte de setores conservadores, o intenso preconceito com o povo brasileiro, em especial em relação às populações pobres do campo. Como não poderia ser diferente, estes setores, ideologicamente comprometidos com o status quo da classe média e da classe dominante, modificam a realidade com a desculpa de defender a universidade pública.
Como é habitual, esta camada preconceituosa da sociedade mascara a realidade quando desconsidera que a terra no Brasil é controlada por apenas 1% dos estabelecimentos agrícolas; quando não aceita que 60% dos domicílios do campo vivem em estado de insegurança alimentar; quando não reconhece que a produção animal é concentrada em monopólios agroindustriais submetendo os/as trabalhadores/as que ali vendem sua força de trabalho a processos altamente espoliativos (vejam os casos da covid nestes estabelecimentos), bem como submetem os/as camponeses/as a processos draconianos de integração vertical.
Por outro lado, não reconhece que o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) é uma política pública que estende a jovens oriundos de áreas de reforma agrária o direito de acessarem a universidade pública, bem como garante acesso a quilombolas e beneficiários do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF). E que este Programa só se constituiu devido a intensa luta e pressão política dos movimentos sociais do campo na década de 1990. Sem o protagonismo dos movimentos sociais, políticas públicas como o Pronera não existiriam.
Tal manifesto tampouco reconhece que as turmas do Pronera na Universidade Federal de Pelotas formaram, neste período recente, os maiores contingentes de jovens veterinários/as, que apresentaram alto índice de aproveitamento acadêmico, indicando o grau de comprometimento destes/as jovens camponeses/as com a sua formação profissional.
Por fim, nem tudo é tristeza ou melancolia, como o manifesto tenta indicar. Com muita alegria, neste dia 1º de julho formaremos 50 jovens de 14 estados brasileiros, educandos/as da Terceira Turma Especial de Medicina Veterinária do Pronera/UFPel, e certamente no segundo semestre iniciaremos a quinta Turma Especial.
Neste sentido, agradecemos as últimas gestões da Reitoria que muito se comprometeram em garantir o direito à educação para esta parcela marginalizada do campo. Como também agradecemos o conjunto de professores e professoras da UFPel, tanto da Faculdade de Veterinária quanto de outros Institutos e Faculdades, que nos apoiaram ao longo desta caminhada.
A UFPel, como as demais universidades públicas, tem sido fortemente atacada pelo atual governo, que também atuou para o desmonte das ações afirmativas e de políticas públicas de inclusão social, tais como o Pronera. Mas os tempos são de mudanças graças às lutas e resistências do povo brasileiro. E certamente em 2023 viveremos uma nova correlação de forças, varrendo para a lata do lixo da história este projeto nefasto, regressivo e conservador.
Luta, Construir Reforma Agrária Popular!
Pelotas, 10 de junho de 2022.
Direção Nacional do MST
:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::
PRECISAMOS DO SEU APOIO
O Brasil de Fato RS não cobra nenhum tipo de assinatura dos leitores, todas nossas informações são gratuitas. Por isso, precisamos do seu apoio para seguir na batalha das ideias.
CONTRIBUA através do PIX 55996384941 (celular), em nome do Instituto Cultural Padre Josimo.
A democratização da comunicação é fundamental para uma sociedade mais justa.
Edição: Katia Marko
No dia 1º de julho serão formados mais 50 jovens de 14 estados brasileiros, educandos/as da Terceira Turma Especial de Medicina Veterinária do Pronera/UFPel - Foto: Maurem Silva
0 comentários
Adicionar Comentário