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Medalha da hipocrisia: se dependesse de Jair, os índios seriam exterminados
O ministro da Justiça, Anderson Torres, concedeu a medalha do mérito indigenista para Jair Bolsonaro e outros 11 membros do governo. A homenagem foi publicada no Diário Oficial na quarta-feira (16).
O Ministério da Justiça justificou a homenagem dizendo que foi um “reconhecimento pelos serviços relevantes em caráter altruísticos, relacionados com o bem-estar, a proteção e a defesa das comunidades indígenas”. Parece piada pronta.
Entretanto, Jair Bolsonaro e seus ministros se destacam pelo desrespeito aos indígenas, a seus direitos e suas terras.
A coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sônia Guajajara, disse que as homenagens são “uma afronta. É claro que é uma afronta total ao movimento indígena, ao ato pela terra, a tudo que a gente está fazendo para contrapor todas essas maldades desse governo”.
“Um absurdo totalmente descabido. Recebe essa medalha quem luta junto e defende a causa indígena não quem trabalha para destruir”, acrescentou.
Em um discurso feito na Câmara dos Deputados em 1998, Jair Bolsonaro disse que a cavalaria brasileira foi “incompetente” por não ter exterminado os indígenas.
“Até vale uma observação neste momento: realmente a cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a Cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema no país”, discursou.
Antes mesmo de assumir a Presidência, Bolsonaro anunciou que “no que depender de mim, não tem mais demarcação de terra indígena”. Além disso, quer legalizar a invasão dessas terras.
Enquanto presidente, Jair Bolsonaro se recusou a proteger os povos indígenas da pandemia de Covid-19, apesar da explosão de casos e de mortes. Diversas lideranças denunciaram que as contaminações estavam acontecendo por conta da invasão por parte de grileiros.
Ao invés de proteger essa população, o governo Bolsonaro enviou cloroquina. para o Conselho de Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o governo Bolsonaro praticou um genocídio contra essa população.
Jair Bolsonaro está “favorecendo invasões de madeireiros e garimpeiros, bem como proporcionando a contaminação do coronavírus, que expõem os povos e as comunidades indígenas a circunstâncias comprometedoras de suas integridades físicas, morais, culturais e étnicas”, argumentou o órgão.
Atualmente, Bolsonaro tem pressionado o Congresso Nacional para aprovar um projeto de lei (191/2020) que permite a mineração dentro de terras indígenas.
Segundo ele, o Brasil pode sofrer, por conta da guerra na Ucrânia, com a falta de fertilizantes e que somente invadindo as terras indígenas para exploração de potássio o problema poderia ser evitado. Os registros de minas e jazidas mostram que a grande maioria do potássio no Brasil não está em terras indígenas.
Em 2019, quando queria indicar o próprio filho para a Embaixada brasileira nos Estados Unidos, ele revelou que sua intenção era conseguir cooperação na exploração mineral dentro das terras indígenas no Brasil.
“Terra riquíssima [reserva indígena Ianomâmi]. Se junta com a Raposa Serra do Sol, é um absurdo o que temos de minerais ali. Estou procurando o ‘primeiro mundo’ para explorar essas áreas em parceria e agregando valor. Por isso, a minha aproximação com os Estados Unidos. Por isso, eu quero uma pessoa de confiança minha na embaixada dos EUA”, disse.
No mesmo ano, quando houve uma alta no preço da carne no Brasil, ele defendeu a invasão das terras indígenas para a criação de boi.
“Queremos que o índio possa, na sua terra, fazer tudo que um fazendeiro, ao lado, pode fazer na dele. O preço da carne subiu? Temos então de criar mais boi aqui. Não teve a Lei Áurea? Vou então inventar um nome. Quero dar a Lei Áurea para o índio”, declarou.
Além de Bolsonaro, foram condecorados com a medalha do mérito indigenista o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o ministro da Defesa, Braga Netto, o próprio ministro da Justiça, Anderson Torres, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, o ministro da Cidadania, João Roma, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, o Advogado-Geral da União (AGU), Bruno Bianco, e o presidente da Funai, Marcelo Xavier.
Por Hora do Povo
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