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Márcio Pochmann analisa os desafios do Brasil em curso sobre o “homem cordial”
O presidente do IBGE, professor e pesquisador Márcio Pochmann, participou de uma entrevista no programa Contraponto na manhã desta terça-feira, 19, onde discutiu temas do minicurso “O Atraso do Futuro e o Homem Cordial”, oferecido pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Baseado no livro homônimo, escrito em parceria com Luiz Fernando Vitagliano, o curso propõe reflexões sobre os desafios contemporâneos e históricos do Brasil.
A proposta do curso e a crítica ao "presentismo"
Pochmann destacou que o objetivo do minicurso é ampliar a visão sobre a realidade brasileira, indo além da perspectiva imediatista. “Estamos tentando entender o Brasil de uma perspectiva mais ampla, buscando reflexões sobre os desafios atuais e futuros, além de revisitar as raízes da nossa formação social”, afirmou. Com cinco encontros programados, o primeiro já abordou os desafios contemporâneos do país.
O conceito de “homem cordial” e sua atualidade
Explorando a noção criada por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil (1936), Pochmann explicou como o conceito de “homem cordial” ainda repercute. A cordialidade, segundo ele, reflete a dificuldade histórica do brasileiro em separar o público do privado, algo visível em práticas patrimonialistas e na administração pública.
Pochmann também apontou um paradoxo na personalidade do “homem cordial”, capaz de atos de extrema gentileza, mas também de violência, muitas vezes em ambientes familiares ou situações triviais. “É uma especificidade que atravessa nossa história agrária e colonial e ainda se manifesta em uma sociedade digitalizada do século XXI”, comentou.
Patrimonialismo e desigualdade fiscal
O professor correlacionou o patrimonialismo à estrutura econômica atual. Ele criticou o discurso que atribui o desequilíbrio fiscal a gastos sociais, destacando que o pagamento da dívida pública consome percentuais significativos do PIB, enquanto subsídios e desonerações beneficiam setores dominantes. “Esses interesses poderosos expropriam o orçamento público e impõem aos mais pobres o custo da austeridade”, alertou.
Redução da jornada de trabalho: desafio e oportunidade
Ao ser questionado sobre a proposta de redução da jornada de trabalho, Pochmann apontou que a discussão é antiga no movimento sindical e cada vez mais necessária. Ele ressaltou o aumento da produtividade no Brasil e a ampliação do trabalho imaterial e não remunerado, muitas vezes invisibilizado. Para ele, a redistribuição do tempo de trabalho é essencial para enfrentar os desafios sociais e econômicos contemporâneos.
Apesar dos custos iniciais para os empregadores, Pochmann defendeu que a redução deve ser vista como parte de um processo mais amplo, em que a tributação pode ser ajustada para aliviar encargos sobre trabalhadores sem reduzir direitos.
Como participar do curso
O minicurso é gratuito e aberto ao público, com opção de certificação para participantes que acompanharem pelo menos quatro das cinco aulas. As inscrições ainda podem ser feitas nesse link. Além disso, os encontros estão disponíveis no YouTube, facilitando o acesso ao conteúdo para quem busca ampliar conhecimentos.
*Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.
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