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Gazeta Pelotense: quase meio século depois, história é resgatada para novas gerações
O Núcleo de Documentação Histórica (NDH) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) recebeu a doação da dissertação de Amílcar Alexandre Oliveira da Rosa sobre a Gazeta Pelotense, além de uma coleção de exemplares do periódico. A dissertação, intitulada Gazeta Pelotense, ensaio para uma imprensa de transição, foi defendida em 2021 no Programa de Pós-Graduação em História da UFPel. O material será digitalizado e disponibilizado para consulta, reforçando o compromisso do NDH com a democratização do conhecimento e a preservação documental.
Importância da doação
A cerimônia de entrega contou com a presença da coordenadora do NDH, Lorena Gill, do autor da dissertação, Amílcar Alexandre Oliveira da Rosa, do juiz aposentado Aldyr Rosenthal Schlee, filho de Aldyr Garcia Schlee, um dos fundadores do periódico, e do jornalista Luiz Carlos Vaz, que auxiliou na busca e organização do material.
Lorena Gill destacou a relevância da doação para a preservação da memória jornalística regional, mencionando que o jornal contou com a colaboração de nomes como Aldyr Garcia Schlee, Mario Osorio Magalhães, João Manuel Cunha e Salomão Scliar. “A equipe do NDH ficou muito feliz com a doação de uma coleção quase completa do jornal, que, apesar de sua curta duração, representou um projeto inovador para a cidade”, afirmou.
A relevância da Gazeta Pelotense
O jornal surgiu em 1976, em um momento de transição política no Brasil, período que antecedeu a anistia de 1979. Para Amílcar Alexandre Oliveira da Rosa, a Gazeta Pelotense se insere no conceito de "imprensa de transição", sendo um veículo de resistência e expressão artística e política em meio à crise da ditadura militar.
Aldyr Rosenthal Schlee relatou sua experiência ao revisitar os exemplares do jornal e lembrou que a iniciativa partiu do empresário Manoel Marques da Fonseca Júnior, que via no periódico uma ferramenta estratégica. “Meu pai mergulhou completamente no projeto, do conceito gráfico à escolha da equipe. Infelizmente, o jornal teve curta duração, encerrando suas atividades em janeiro de 1977”, comentou.
Já Luiz Carlos Vaz destacou o esforço para recuperar os exemplares doados, motivado pela dissertação de Amílcar e pela recente restauração de imagens de uma fita VHS registrando o jantar de comemoração dos 25 anos do jornal, em 2001. Atualmente, ele trabalha em atividades preparatórias para os 50 anos da Gazeta Pelotense, a serem celebrados em setembro de 2025.
Preservação da memória jornalística
Nos anos 1970, a Gazeta Pelotense representou uma inovação na imprensa local, sendo um tabloide diário com 24 páginas e um caderno dominical de 16 páginas. Após a primeira edição, passou a ser publicado no período da manhã. Hoje, a Bibliotheca Pública Pelotense possui apenas 42 dos 91 exemplares originais. Graças ao esforço de pesquisadores e familiares dos antigos integrantes da redação, foi possível reunir um total de 88 edições.
A preservação desse material pelo NDH reforça a importância de manter viva a memória da imprensa alternativa no Brasil. Quase 50 anos após sua circulação, a relevância do jornal segue como referência para pesquisadores e comunicadores.
*Com informações da UFPel
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