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Edição da Manhã: Manuela d'Ávila fala sobre violência política de gênero e protagonismo feminino

Edição da Manhã: Manuela d'Ávila fala sobre violência política de gênero e protagonismo feminino

A ativista, jornalista e ex-deputada federal Manuela d’Ávila foi a entrevistada desta segunda-feira, 17, no programa Edição da Manhã da RádioCom Pelotas. Em uma conversa abrangente, ela abordou os desafios da militância fora do parlamento, o papel das mulheres na resistência à extrema direita, o impacto das redes sociais na democracia e apresentou o festival “Mulheres em Movimento”, que será realizado em abril, em São Paulo.

Vida política fora do parlamento e sem partido

Manuela refletiu sobre sua trajetória após deixar o parlamento em 2019, destacando que não ocupar cargos eletivos tem sido uma experiência de liberdade política. “Ocupar o legislativo sempre foi uma tarefa de muita responsabilidade. Estar fora me permite conversar com as pessoas de outra forma, sem que pensem que estou em campanha”, afirmou.

Por outro lado, ela reconheceu que estar sem filiação partidária representa uma dificuldade. “Acredito nos partidos e na disputa de projetos políticos. Foram anos de divergências com o PCdoB até meu afastamento formal da direção. Hoje, milito sem partido e busco articular mulheres de esquerda e progressistas, que vêm sendo hostilizadas, inclusive dentro da esquerda.”

Redes sociais, política e a crise da comunicação

Questionada sobre a influência das redes sociais na política, Manuela reforçou que o problema central não é a comunicação, mas a política em si. “A extrema direita consegue mobilizar pessoas com base em ideias. Isso é algo que a esquerda sempre quis. Não se trata só de melhorar a forma, mas de ter conteúdo que dialogue com o povo.”

Ela alertou para a necessidade de compreender a transformação da esfera pública para o ambiente digital e defendeu uma regulação das plataformas digitais que vá além do discurso de ódio: “Trata-se de soberania nacional, de como os dados são utilizados e da nossa economia.”

As mulheres e a resistência à extrema direita

A ex-deputada chamou atenção para a diferença de comportamento político entre homens e mulheres em diversos países, incluindo o Brasil. “Em 2018, pela primeira vez na história, mulheres e homens fizeram escolhas presidenciais diferentes. Esse padrão se repete nos Estados Unidos, Alemanha e Coreia do Sul. As mulheres têm sido linha de frente na resistência à extrema direita.”

Para ela, isso se conecta com a forma como meninas e meninos são socializados. “Enquanto os meninos são ensinados à violência, as meninas são ensinadas ao afeto. Isso pode explicar por que reagem de formas distintas à retórica do ódio.”

Manuela também criticou o silêncio diante das ameaças que mulheres parlamentares vêm sofrendo: “Hoje, quase todas as nossas deputadas federais andam com carros blindados. Monitoramos redes sociais de ministros e lideranças e vimos um silêncio constrangedor. A omissão diante da violência política de gênero é uma ameaça à democracia.”

Festival Mulheres em Movimento acontece em abril

Durante a entrevista, Manuela anunciou o festival “Mulheres em Movimento”, que acontecerá entre os dias 11 e 13 de abril, em São Paulo. O evento será promovido pelo Instituto Se Fosse Você e reunirá mulheres para debates, oficinas e atividades culturais sobre violência política de gênero, emergência climática, economia do cuidado e transformação social.

“A iniciativa surgiu após uma jornada de acolhimento em Brasília. Esperávamos reunir 50 mulheres e apareceram 250. Isso mostrou a urgência e o tamanho dessa pauta”, explicou.

Reconexão com o futebol e homenagem a Roger Machado

Ao final da conversa, Manuela comentou sobre sua reconexão com o Sport Club Internacional, impulsionada pela filha Laura. Ela destacou a importância simbólica da vitória do clube no Campeonato Gaúcho e elogiou o técnico Roger Machado. “O Roger é um homem comprometido com o futebol e com um Rio Grande do Sul sem racismo. A conquista dele tem um valor enorme.”

Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.

Imagem: Divulgação/Facebook


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