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Contraponto: Alunos da UFPel vão atuar com acervo histórico do Teatro Sete de Abril
Pelotas ganha uma nova oportunidade de aproximar ensino superior e preservação do seu vasto patrimônio cultural. A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) está abrindo uma disciplina prática que permite aos estudantes de diversas áreas atuar diretamente com o acervo arqueológico do Theatro Sete de Abril, combinando ensino, pesquisa e extensão de maneira inovadora.
Em entrevista ao programa Contraponto, da RádioCom Pelotas, os professores Diego Ribeiro, Jaime Mujica e Pedro Sanches, do Instituto de Ciências Humanas da UFPel, explicaram os detalhes da disciplina "Arqueologia e Acervos Museais". As atividades envolverão o estudo e conservação de achados arqueológicos encontrados durante a restauração do Theatro Sete de Abril.
O que os vestígios escondidos contam sobre Pelotas
De acordo com Pedro Sanches, preservar o patrimônio arqueológico é essencial em cidades históricas como Pelotas. "Ali está guardada a memória da urbanização e da vida cotidiana de épocas passadas", afirmou. Durante as obras de restauro do Theatro Sete de Abril, foram encontrados fragmentos de louças, vidros e metais, incluindo artefatos datados de antes da construção do teatro.
Esses achados resgatam histórias esquecidas e oferecem à sociedade uma nova compreensão da diversidade social da época. "Preservar esses vestígios é também preservar as histórias de quem não deixou registros escritos", ressaltou. Além disso, o cuidado com o patrimônio contribui para a educação patrimonial e reforça a identidade cultural de Pelotas.
Aulas práticas que revelam o passado escondido
A disciplina é uma iniciativa singular porque une arqueologia, museologia e conservação em atividades práticas. "Queremos que os alunos botem a mão na massa, fazendo perguntas e construindo respostas a partir dos objetos encontrados", destacou Diego Ribeiro. As aulas serão realizadas no Laboratório Multidisciplinar de Investigação Arqueológica (Lâmina), um dos poucos do Brasil a atuar com conservação de materiais arqueológicos, especialmente metálicos.
Jaime Mujica ressaltou o caráter transdisciplinar da experiência, destacando que a integração entre diferentes áreas de conhecimento amplia a formação dos estudantes. "É uma experiência rara que proporciona competências concretas e inovadoras para quem deseja trabalhar com patrimônio cultural", afirmou. A prática cotidiana no laboratório também permitirá que os alunos desenvolvam habilidades de pesquisa, conservação e divulgação científica, sempre com foco na preservação do acervo pelotense.
O passado vira exposições e oficinas
Um dos grandes objetivos da disciplina é efetivar a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Ao longo do semestre, os estudantes não apenas estudarão o material arqueológico, mas também participarão da organização de exposições e oficinas abertas à comunidade.
Diego Ribeiro explicou que uma parte fundamental do trabalho é pensar em formas de encantar o público com os achados. "A gente quer que quem visite uma exposição também se maravilhe ao descobrir essas histórias escondidas nas lixeiras do passado", comentou. A iniciativa pretende aproximar a universidade da sociedade, promovendo a valorização do patrimônio local de forma prática e acessível. Exposições e eventos já estão sendo planejados para os próximos meses.
Achados curiosos: a história contada por pinicos
Entre os objetos mais curiosos encontrados no Theatro Sete de Abril estão antigos pinicos de louça decorada. Pedro Sanches destacou que a descoberta surpreendeu a todos: "Encontramos pinicos muito bonitos, decorados à mão, com técnicas de esponjado e pintura colorida."
Segundo o professor, a presença desses objetos se explica pela existência, no passado, de diversos hotéis no entorno do teatro, que utilizavam esses itens em grande quantidade para atender seus hóspedes. "São achados que revelam hábitos de higiene, padrões de consumo e aspectos sociais da época, além de conectarem Pelotas a um mercado internacional de produtos de luxo", relatou. Esses fragmentos trazem à tona aspectos pouco documentados da vida cotidiana no século XIX.
Convite aberto para quem quer se encantar com a história
A disciplina está aberta a qualquer aluno da UFPel com matrícula ativa, independentemente do curso de origem. "É uma ótima oportunidade para estudantes de áreas como Biologia, Química, Artes e Jornalismo se aproximarem da preservação patrimonial", destacou Pedro Sanches.
Não há pré-requisitos para a inscrição. As matrículas especiais ocorrem nos dias 23 e 24 de abril. "Não deixem para última hora. A chance de aprender de forma prática e contribuir para a preservação da história da cidade é única", reforçaram os professores. A expectativa é reunir estudantes de diferentes formações para enriquecer ainda mais a abordagem interdisciplinar.
*Confira a entrevista completa no canal da RádioCom Pelotas no YouTube.
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