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Cansados de esperar pelo poder público, moradores da Barra organizam campanha de arrecadação
Os moradores da Barra de Pescadores ainda lutam contra o abandono da prefeitura municipal de Pelotas após o período de enchentes que causou grandes destruições à região. Com muitos ainda fora de suas casas, os moradores lançaram uma campanha para a arrecadação de móveis domésticos como armários, mesas, cadeiras e sofás, além de todo tipo de materiais de construção para mais de 70 famílias.
A campanha foi organizada visando amenizar o trabalho das pessoas da comunidade que, sem emprego, não possuem condições de reerguer suas casas. A ajuda pode ser feita de todas as formas. São aceitas portas, janelas e ripas de madeira, além de todo tipo de material de construção para a auxiliar na reconstruções das casas. Móveis domésticos também podem ser doados para compor o ambiente interno das residências. As doações podem ser entregues no Bar da Dona Rosa e do Macaco, com o aviso de que são doações para a campanha, ou também podem ser recolhidas pelos próprios moradores.
A comunidade foi afetada duas vezes consecutivas, primeiro pelas enchentes de setembro de 2023 e, mais recentemente, em maio deste ano. Após a redução das águas, agora o desafio dos moradores é reconstruir aquilo que foi destruído.
Marilanda, de 37 anos, é filha de pescador. Ela relata que teve a casa completamente destruída e, ao solicitar o Auxílio Reconstrução, ele foi negado. A justificativa dada foi de que alguém já havia feito o cadastro e recebeu o benefício com o seu endereço. A única assistência que recebeu foram ranchos de comida entregues pela assistência social. Ao tentar entrar em contato com órgãos do poder público, ela conta que suas mensagens são lidas, mas nunca respondidas. “Eu nunca precisei da ajuda da prefeitura e 99% da barra também nunca precisou. Dessa vez a gente tá precisando de ajuda da prefeitura e todos os órgão cabíveis, mas eles não estão nos assistindo.” relata Marilanda.
Ao todo, 70 pessoas moram na comunidade, mas pouco mais de dez puderam voltar para as suas casas. Muitas perderam tudo. Casas de madeiras precisam de reparos na estrutura. No entanto, sem empregos, essa reconstrução torna-se muito difícil para os moradores. Eles relatam que a safra de peixes não foi boa este ano, enquanto a de camarão - conhecido por ser um dos melhores camarões da região - não aconteceu.
A comunidade aguarda ações efetivas da prefeitura, que até agora apenas realizou promessas vazias. Há 2 meses, eles estiveram reunidos com a prefeita, Paula Mascarenhas, que assumiu compromissos, mas que até então não cumpriu nenhum, contam as moradoras. Fabiane Fonseca conta que tanto a Secretaria de Habitação quanto a Secretaria de Serviços Urbanos foram até a localidade para cadastrar todas as casas, mas até agora não entregaram nenhum tipo de material para auxiliar nas reconstruções quase um mês depois das águas terem baixado completamente.
Algo que indigna os moradores é a disparidade no tratamento de diferentes regiões. Eles contam que regiões como a Z3 recebem doações com frequência. Fabiane Fonseca relata haver uma exclusão da comunidade sob a alegação de que o pontal é uma area alagadiça. “Nós não somos uma ocupação irregular e nós não somos uma zona de risco. Nós somos uma comunidade tradicional de pesca e toda comunidade tradicional de pesca, no mundo inteiro, vive na beira d’água”, ressalta a moradora.
Para fazer as doações é possível entrar em contato com as responsáveis pela campanha através dos números abaixo.
Fabiane: (53) 98103-9459
Célia: (53) 99178-4525
Marilanda (Preta): (53) 99125-1189
Redação: Ridley Madrid
Imagem: Juliano Lima
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