Defesa de Braga Netto ressalta lealdade do general a Bolsonaro
Balburdia geral (por Leonardo Melgarejo)
Eita semana repleta de escândalos.
Vamos a alguns deles, em sobrevoo sem ordem de importância, apenas para lembrar que agora tudo é lamaçal gigante.
1 – Neste momento onde se anuncia que pela escassa procura de vacinação contra a poliomielite as crianças brasileiras voltam a ser ameaçadas por aquela doença terrível, o que faz o responsável faz maior?
Questionado em rede nacional por duas mulheres, sobre conexões entre sua atuação pessoal no caso das vacinas para a covid e o atual desinteresse de parte da população em relação à proteção vacinal em geral, o presidente foi claro e objetivo. Para a senadora da República, mais respeitoso, se limitou a dizer que ela seria “uma vergonha para o Senado federal”. E esclareceu, para evitar mal-entendidos: “Não tô atacando mulheres não. Não venha com essa historinha de se vitimar”.
Já no caso da jornalista, foi além do tradicional. Sublinhou um “você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro” por egocentrismo ameaçadoramente metafórico: “Acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão em mim.” Talvez tenha conseguido com aquelas patadas, ocultar de nosso povo repercussões de incidente internacional resultante de suas ofensas diretas e despropositadas ao presidente do Chile?
2 – Articulação criminosa de empresários bolsonaristas é denunciada e vêm à tona elementos de ligação entre quadrilha de golpistas ricos e milícias digitais, com vistas a desmontar nossa já mui esgualepada democracia. Simples assim, eles estariam colaborando para golpe de Estado, a ser deflagrado caso a vontade da população, ao eleger Lula, viesse a ameaçar vantagens que usufruem no atual desgoverno. O inominável na presidência não gostou e assim reagiu, “no tocante a isso”: "Um ministro agora há pouco interferiu mandando investigar fazendo buscas e apreensões e entre outras barbaridades num grupo de empresários. Ou seja, esse não é o trabalho do Poder Judiciário”.
3 – Família do presidente é desmascarada em reportagem investigativa. O grupo teria enriquecido em tramoias e negociatas envolvendo lavagem de dinheiro de origem inexplicada, na compra de imóveis a preços de compadre. Não é pouca coisa: nos registros em cartório, segundo a matéria, “Em valores corrigidos pelo IPCA, este montante equivale, nos dias atuais, a R$ 25,6 milhões”.
Aqui se misturam indícios de corrupção e malícia com práticas encobertas por pretensão de impunidade (queima de arquivos vivos e atribuição de sigilo centenário) a ações relacionadas à famiglia do presidente que mente. Ele, sua mãe, suas ex-esposas, seus três filhos mais velhos e seus cinco irmãos, durante a vida política do líder familiar (três décadas) conseguiram comprar 107 imóveis. Em grande parte (pelo menos em meia centena de casos) aquelas aquisições envolveram preços rebaixados e grandes volumes de dinheiro vivo, excedendo de longe a renda dos felizes compradores. Naturalmente, o presidente que mente se mostrou indignado com a denúncia. Não pela prática de comprar imóveis sem usar bancos, mas sim com malas de dinheiro vivo. Isso é coisa que ele entende ser normal. O que o incomodou foi o fato de algum canalha desalmado ter enfiado nos processos escusos, o nome da senhora sua mãe. Entende-se, afinal mãe é mãe, não é laranja.
E assim sendo, o que pode estar faltando?
Assumimos de vez que este é o mundo que nos cabe, cada semana um escândalo maior, e o melhor é ir se acostumando mesmo, porque sendo tudo lamaçal, afundaremos com eles?
Ou isso tem volta, e cada um pode fazer sua parte, desde seu lugar, com sua música, com sua arte, com o povo na rua, abraçado no embalo do samba ou na fúria do rock?
Vamos à balburdia? Com a alegria e a turma de Ruy Muricy.
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko/ Brasil de Fato RS
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