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Armazém do Campo em Pelotas é espaço para debate e ampliação da cultura popular
A iniciativa pertence à rede de lojas organizada pelo Movimento Sem Terra, a fim de levar alimentos da agricultura familiar e dos assentamentos para os espaços urbanos. Além de possibilitar o acesso a alimentos saudáveis e sustentáveis, organiza o debate sobre cultura popular e democratização do acesso à arte.
O Armazém do Campo pertence a uma rede de armazéns criada pelos movimentos sem terra, o MST. Em Pelotas, o espaço, localizado na rua Padre Anchieta número 1212, foi inaugurado em 25 de novembro de 2023 sendo destinado para a realização de eventos culturais com artistas locais e comercialização de produtos da agricultura familiar e assentamentos de terra.
A rede de armazéns foi criada com a intenção de dar visibilidade a esses produtores, além de ocupar o meio urbano e ser uma resposta às críticas e criminalização dos movimentos sociais com alimentos de qualidade e saudáveis. Em pelotas, a unidade conta com uma variedade de mais de 80 produtos, desde arroz e feijão, os mais procurados, até o café da região sudeste do Brasil, todos provenientes da agricultura familiar e de assentamentos de terra.
No espaço, é pautado o debate agroecológico, cultural, político e pedagógico com a sociedade, a partir da comercialização dos produtos dos assentados da reforma agrária. Atualmente, 90% dos produtos são de assentamentos, enquanto os outros 10% são da agricultura familiar.
A iniciativa sofreu com o cancelamento de seus eventos culturais durante o período de cheias na cidade. No entanto, exerceu um papel fundamental na assistência de diversas famílias necessitadas em diversos pontos da cidade. De acordo com Diego Gonçalves, gestor do coletivo, metade do espaço do Armazém foi organizado para estruturar uma cozinha solidária que forneceu mais de 400 alimentações diariamente, com alimentos provenientes dos assentamentos e da cultura ecológica.
O MST é um grande expoente na cultura de arroz no Brasil, mas com o advento das enchentes, os seus principais assentamentos, localizados na região metropolitana, foram fortemente afetados e rapidamente se organizaram em cozinhas solidárias em outros assentamentos para atender os seus municípios.
“E a gente aqui seguiu a mesma linha do movimento e decidiu transformar a cozinha do Armazém, ampliar o espaço e tornar metade do prédio em uma cozinha solidária. Dali a gente entregou em média 400 refeições por dia durante 28 dias, cerca de 12 mil refeições nesse período todo.”
Diego Gonçalves, gestor do Armazém do Campo Pelotas
Ao todo, Diego conta que foram 28 dias com um conjunto de voluntários que abraçaram a causa da solidariedade na cidade. Durante esse período, a loja foi reduzida, com as atividades culturais paradas, e atuou única e exclusivamente visando prestar solidariedade às famílias que estavam desabrigadas até cumprir esse papel.
Com o término do período mais grave de abrigamento e de desabrigamento, o espaço retornou ao fluxo normal no dia 07 de junho, sexta-feira, com a volta da roda de samba. Lentamente os espaço retoma o funcionamento das suas atividades, enquanto lida com os danos que ficaram após as movimentações para estruturar a cozinha.
“A gente voltou com as atividades culturais, com a Xana Gallo e com Maurel Duarte na sexta retrasada, na roda de samba que é tradicional. Já na sexta passada [13/06] a gente voltou com a Dama Etílica que também é uma banda tradicional no Armazém, com rock gaúcho.”
Diego Gonçalves, gestor do Armazém do Campo Pelotas
O Armazém é um local que propicia a cultura diversa, que abre espaço para diferentes artistas de diferentes estilos. É um local de compartilhamento de cultura, saberes e de promoção de entretenimento. Todas essas práticas são dialogadas com as questões de debate social, de agroecologia e de práticas mais sustentáveis e em acordo com o meio ambiente.
No local, são feitas apresentações que vão desde o samba raiz de pelotas, passando pelo chorinho, o rap e o rock. A prioridade são artistas que frequentam ou buscam o armazém como um espaço cultural, porque isso já os coloca em uma perspectiva política e social do Armazém.
Por fim, Diego conta que o objetivo é criar um espaço de cultura plural, popular e democrático, que seja acessível para todos, característica que marca o maior desafio para manter o espaço aberto. No entanto, ele relata que é investido muito empenho para a conscientização de todos os envolvidos e conta com a colaboração espontânea nas atividades culturais, para manter a agenda e a política cultural de livre acesso.
Depois de um mês interrompida em decorrência das enchentes, agora a agenda cultural do Armazém foi retomada. Na próxima sexta-feira (21) acontece a Roda de Samba com a dupla de sambistas Dani e Dena, acompanhada pela banda, todos da mesma família.
Além das sextas temáticas, está sendo desenvolvida uma programação de atividades pedagógicas e culturais para acontecer durante a semana, com destaque para o Projeto Clube da Leitura UFPel “Ler mulheres”, projeto de extensão dedicado à leitura de obras de autoria feminina.
Para encontrar os produtos do Armazém do Campo Pelotas, você pode visitá-los na rua Padre Anchieta, n.° 1212, em frente ao campus de Direito da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
O horário de funcionamento é de terça a quinta-feira das 9h às 22h. Nas sextas, é das 09h às 00 e nos sábados das 09h às 16h.
Redação Ridley Madrid
Foto: Reprodução
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