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Após pressão de Universidades e Institutos Federais, governo recua no bloqueio de verbas
O ministro da Educação, Victor Godoy, declarou nesta sexta-feira (7) que o contingenciamento de R$ 328 milhões para as universidades federais será liberado.
"Acabamos de conversar com o Ministério da Economia e temos uma excelente notícia: o limite de empenho será liberado para as universidades federais, para os institutos federais e para a Capes (...) Estamos fazendo uma liberação para todo mundo, para facilitar e agilizar a vida de todo mundo", afirmou o ministro em vídeo divulgado nas redes sociais.
Em entrevista ao podcast +1, Godoy ainda afirmou que o anúncio deve ocorrer em edição extra do Diário Oficial da União "ainda hoje, ou, no mais tardar, na segunda-feira (10)."
O Decreto 11.216, publicado na sexta-feira (30) antes do primeiro turno das eleições, definiu um contingenciamento de 5,8% no orçamento do Ministério da Educação, que foi o mais atingido pelos congelamentos do governo Bolsonaro neste ano. Universidades e institutos federais do Rio Grande do Sul começaram a se manifestar com preocupação sobre o andamento das atividades acadêmicas e dificuldades na execução dos orçamentos, que já vinham apertados.
Com a medida, universidades federais amargariam um corte de R$ 328,5 milhões, que somados aos valores já retirados durante o ano chegam a R$ 763 milhões, segundo a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Nos institutos e colégios federais, o bloqueio recente foi no valor de R$ 147 milhões. Somado aos cancelamentos do ano, o corte nessas instituições passa de R$ 300 milhões, informa o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif).
Cortes precarizam prestação de serviços
De acordo com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a instituição iniciou o ano de 2022 com uma previsão de orçamento de R$ 129 milhões, sendo R$ 27 milhões a menos do que em 2020. Conforme as estimativas iniciais, a universidade precisaria de R$ 169 milhões para manter adequadamente as atividades de ensino, pesquisa e extensão, além das demandas da assistência estudantil, encargos gerais (despesas básicas de funcionamento) e melhorias na infraestrutura.
A entidade destaca que, ainda em junho, o corte de R$ 9 milhões já havia ampliado a defasagem orçamentária. “O novo contingenciamento anunciado no dia 5 de outubro, representa uma perda de mais R$ 5,8 milhões no orçamento da UFSM. Com isso, a Universidade deverá encerrar o ano de 2022 com uma dívida de 18 milhões para o ano de 2023 (próximo exercício)”, destaca a UFSM em nota. Entre os prejuízos já registrados estão a suspensão de bolsas de estudo.
A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) também relembra os cortes orçamentários já realizados entre maio e junho, de 7,5% do orçamento aprovado na Lei Orçamentária Anual (LOA), que levaram várias instituições a medidas de precarização de suas condições de funcionamento, “além do limite do suportável”.
Em nota, a entidade diz que ao corte original de 7,5% (R$ 5,9 mi), soma-se o bloqueio de mais 3,3% (R$ 2,6 mi) do total de orçamento disponível, resultando de um recurso que é aproximadamente 11% menor do que o aprovado pelo Congresso Nacional. O texto ainda destaca que o orçamento do exercício 2021 das universidades já havia sofrido uma redução de aproximadamente 20% em relação aos anos anteriores, o que resultou em atrasos em pagamentos de despesas de 2021 que precisaram ser cobertos pelo orçamento de 2022.
"A UFPel, que já havia adotado medidas de redução de despesas de custeio para tentar garantir o funcionamento de suas atividades até o final do semestre letivo, mesmo que com precariedades, agora deverá reavaliar a prioridade de atendimento às despesas até o esgotamento total de seus recursos. Considerando o limite de empenho ainda existente, é possível que certas despesas de setembro não possam ser atendidas, com reflexos no funcionamento da instituição já no mês de outubro”, havia anunciado a universidade.
Por sua vez, a Universidade Federal de Rio Grande (FURG) aponta que o montante impactado pelo novo decreto representa mais de R$ 2,6 milhões. Tal corte, afirma, impactaria com a impossibilidade de gerar empenho, ou seja, não é possível utilizar o dinheiro disponível para a execução de pagamentos.
O reitor da FURG, Danilo Giroldo, afirma em nota que a universidade já vinha em um momento de dificuldade orçamentária, proveniente principalmente do corte realizado entre os meses de maio e junho, contando com recursos empenhados apenas para que a universidade pudesse pagar suas contas básicas de funcionamento, como água e luz, por exemplo. Segundo ele, “o bloqueio impede a já pequeníssima margem de empenho que a gente tinha disponível para utilizar nos meses de outubro e novembro, sem a certeza de que a verba será liberada em dezembro”.
No caso da Universidade Federal da Fronteira Sul, a entidade aponta que houve retenção de R$ 2,865 milhões no seu orçamento discricionário. Na prática, essa retenção limita a execução orçamentária em novas despesas (emissão de empenho) e representa 5,8% do orçamento da instituição. “No momento, a UFFS está avaliando os procedimentos a serem adotados, minimizando o impacto na execução”, pontua.
Segundo o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-riograndense (IFSul), o orçamento de custeio previsto para 2022 em todos os 14 campus e reitoria era de R$ 42,08 milhões. Com os contingenciamentos a entidade ficou com um orçamento de R$ 35,7 milhões.
“O corte no orçamento do IFSul, no percentual de 5,8% do orçamento previsto para 2022, o que se soma aos 7,2% já cortados anteriormente este ano. O novo corte é no montante de R$ 2.200.335,55, que se somam aos R$ 4.152,625,00 anteriores, totalizando neste momento mais de R$ 6,3 milhões. Este bloqueio atingiu o orçamento de custeio e de investimento de forma direta”, diz a entidade em nota.
A instituição informa que diante desta conjuntura não será possível fechar as contas de manutenção do IFSul até o final de 2022, “mesmo diante da redução de gastos, que já vem ocorrendo ao longo dos últimos anos de forma significativa em todas as nossas unidades, com enxugamento de despesas”.
UFRGS não se manifesta
O Brasil de Fato RS entrou em contato com a Universidade Federal do Rio Grande Do Sul (UFRGS) para um posicionamento da entidade. A Reitoria disse que a universidade não vai se manifestar sobre o tema. Vale lembrar que o reitor, Carlos André Bulhões Mendes, foi indicado por Jair Bolsonaro em setembro de 2020. A chapa de Bulhões foi a menos votada na eleição feita na universidade, por isso tem sido considerado como "interventor" pela comunidade acadêmica.
Enquanto isso, entidades representativas dos funcionários e docentes da UFRGS ressaltam os prejuízos do bloqueio. A Assufrgs Sindicato, que representa os técnico-administrativos, afirma que as universidades e os institutos federais estão sendo reduzidos a nada nesses últimos anos.
“O atual governo retira todos os centavos que pode da educação, colocando em risco a existência dessas instituições. A educação pública é um direito da população, e é ela quem garante o desenvolvimento social e econômico do país. Destruí-la é impedir a população de ter o direito de se desenvolver e progredir”, afirma.
Entidade que representa os docentes, a ADUFRGS-Sindical, pela sua rede social, também destaca que os bloqueios anteriores já comprometiam o funcionamento das universidades e que o novo contingenciamento coloca em risco todo o sistema das instituições.
“ADUFRGS-Sindical repudia o novo corte no orçamento das universidades e institutos federais pelo governo federal. Os institutos tiveram bloqueio de R$ 147 milhões, e nas universidades o valor chegou a R$ 328 milhões, cortes que inviabilizam as instituições federais até dezembro”, diz a entidade.
Atualização: Após informar que não se manifestaria, a reitoria da UFRGS emitiu nota, assinada pelo reitor, Carlos Bulhões, na tarde desta sexta-feira (7), minimizando os cortes. "A medida afeta um percentual reduzido das despesas de custeio da instituição, sem qualquer prejuízo às verbas necessárias ao funcionamento geral da UFRGS", diz trecho.
As notas na íntegra
Nota da UFSM
A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) iniciou o ano de 2022 com uma previsão de orçamento de R$129 milhões, sendo R$ 27 milhões a menos do que em 2020. Conforme as estimativas iniciais, a UFSM precisaria de R$ 169 milhões para manter adequadamente as atividades de ensino, pesquisa e extensão, além das demandas da assistência estudantil, encargos gerais (despesas básicas de funcionamento) e melhorias na infraestrutura.
Em junho, o corte de R$ 9 milhões ampliou a defasagem orçamentária. E o novo contingenciamento anunciado no dia de ontem, 05 de outubro, representa uma perda de mais R$ 5,8 milhões no orçamento da UFSM. Com isso, a Universidade deverá encerrar o ano de 2022 com uma dívida de 18 milhões para o ano de 2023 (próximo exercício).
Impactos
Além do que já tinha sido anunciado para amenizar a situação (redução de mais de 115 terceirizados de junho até o final do ano; paralisação de reformas e manutenção de prédios e salas – acessibilidade, Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndio, apartamentos interditados nas Casas do Estudante, entre outros), os novos ajustes para adequação do orçamento são:
Bolsas: todas as bolsas estudantis de dezembro (pagas em janeiro) oriundas de recursos da UFSM estão suspensas até novo limite orçamentário.
Energia: devido à falta de limite de empenho e financeiro, as contas de energia da UFSM não serão pagas nos próximos meses e somente serão quitadas no exercício de 2023.
Eventos: Descubra, JAI e Viva o Campus estão suspensos no ano de 2022.
Jardinagem/arborização: estão suspensos os serviços de jardinagem, corte de grama e poda de árvores na Universidade.
Passagens e Diárias: só serão autorizadas em casos de extrema necessidade.
Restaurante Universitário: o reajuste do RU não pode ser realizado durante o período eleitoral, conforme orientação da Procuradoria Jurídica.
Próximos passos:
Hoje, 06 de outubro, às 10h, ocorreu a Reunião da Diretoria da Andifes para discutir o contexto e debater ações e providências. Foi apresentada a necessidade de análise jurídica da constitucionalidade do decreto, a necessidade de mobilização das universidades em data específica (em princípio, o dia 13 de outubro), o agendamento de reunião com o Ministério da Educação e, por fim, a realização da coletiva de imprensa, realizada na tarde de hoje, 06 de outubro, às 14h30min, para esclarecimento de dúvidas e manifestação sobre os encaminhamentos conjuntos dos reitores e reitoras.
Amanhã, 07 de outubro, acontece uma reunião com o Ministério Público, em Porto Alegre, para analisar a situação e viabilizar uma ação suspendendo o decreto.
A gestão da UFSM está participando destas agendas para subsidiar as decisões na Universidade Federal de Santa Maria.
Assessoria de Comunicação do Gabinete do Reitor
Nota da Universidade Federal da Fronteira Sul
A Pró-Reitoria de Planejamento da Universidade Federal da Fronteira Sul (Proplan) informa à comunidade que, em 05 de outubro de 2022, recebeu, por meio da Mensagem SIAFI, subscrita pela Subsecretaria de Planejamento e Orçamento – SPO do Ministério da Educação – MEC, que houve retenção de 2,865 milhões de reais no seu orçamento discricionário. Na prática, essa retenção limita a execução orçamentária em novas despesas (emissão de empenho) e representa 5,8% do orçamento da instituição.
Esse cenário decorre do Decreto nº 11.216 de 30/09/22, que alterou o Decreto de Programação Orçamentária do ano corrente (Decreto nº 10.961), definindo novos limites de empenho. Ainda, conforme mensagem (SIAFI) enviada às IFES, “há a perspectiva de liberação dos limites estornados no mês de dezembro.”
No momento, a UFFS está avaliando os procedimentos a serem adotados, minimizando o impacto na execução.
Nota da UFPel
Nota de Gestão: Novo corte orçamentário inviabiliza o funcionamento das Federais
Conforme veiculado pelos meios de comunicação, o Governo Federal, uma vez mais, age no sentido de inviabilizar o funcionamento das Instituições Federais de Ensino Superior, através de reduções nos seus orçamentos. Nesse sentido, a Universidade Federal de Pelotas vem a público expor a sua situação.
As medidas impostas pelo MEC, às vésperas do primeiro turno das eleições, resultaram em uma redução suplementar nos recursos disponíveis para a manutenção das atividades das instituições de ensino. Os cortes orçamentários realizados entre maio e junho, de 7,5% do orçamento aprovado na LOA, levaram várias instituições a medidas de precarização de suas condições de funcionamento, além do limite do suportável. Muitas instituições avaliaram que não conseguiriam arcar com suas despesas até o final do ano, e algumas anunciaram que havia risco de não conseguirem terminar seus semestres letivos devido à impossibilidade de cumprimento de seus contratos. O bloqueio suplementar realizado em 04 de outubro de 2022, regulamentado pelo Decreto Nº 11.216, de 30 de setembro de 2022, retira mais recursos das universidades e agrava os problemas orçamentários.
Na UFPel, ao corte original de 7,5% (R$ 5,9 mi), soma-se o bloqueio de mais 3,3% (R$ 2,6 mi) do total de orçamento disponível, resultando de um orçamento que é aproximadamente 11% menor do que o aprovado pelo Congresso Nacional. Vale lembrar que o orçamento do exercício 2021 das universidades já havia sofrido uma redução de aproximadamente 20% em relação aos anos anteriores, o que resultou em atrasos em pagamentos de despesas de 2021 que precisaram ser cobertas pelo orçamento de 2022.
Nesse cenário, a UFPel, que já havia adotado medidas de redução de despesas de custeio para tentar garantir o funcionamento de suas atividades até o final do semestre letivo, mesmo que com precariedades, agora deverá reavaliar a prioridade de atendimento às despesas até o esgotamento total de seus recursos. O objetivo da priorização é garantir que as despesas diretamente relacionadas à assistência estudantil, bolsas e restaurante universitário sejam mantidas até o final do semestre letivo, em detrimento de outras despesas contínuas, como energia elétrica, água, combustível e contratos de aluguéis, dentre outras. Considerando o limite de empenho ainda existente, é possível que certas despesas de setembro não possam ser atendidas, com reflexos no funcionamento da instituição já no mês de outubro.
Assim, o novo bloqueio agora efetivado reitera uma prática nefasta ao adequado planejamento e à eficiente gestão pública, eis que mantém os gestores das universidades federais em permanente dúvida acerca de seu orçamento e disponibilidade financeira.
Junto com a ANDIFES, e demais dirigentes, já estamos em contato com o MEC para firmemente buscar a necessária reversão deste quadro.
Nota da FURG
Novo bloqueio agrava impacto de cortes na educação superior; confira a situação da FURG
Motivado pela lei do teto de gastos, contingenciamento no MEC chega a R$ 3 bilhões em 2022
por Hiago Reisdoerfer
De acordo com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), o Ministério da Educação (MEC) acumula um bloqueio de quase R$ 3 bilhões em 2022, constituindo-se como a pasta mais atingida pelos congelamentos; deste montante, R$ 763 milhões foram bloqueados nas universidades federais, o equivalente a quase 14% da verba anual das instituições. Na FURG, o montante impactado pelo novo decreto representa mais de 2,6 milhões de reais; no entanto, o grande impacto é sentido na impossibilidade de gerar empenho, ou seja, não é possível utilizar o dinheiro disponível para a execução de pagamentos.
Contextualização: mensurando impactos
Na manhã da última quarta-feira, 5, as universidades federais receberam um comunicado pelo Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), referente ao Decreto 11.216/2022, que impõe limites de movimentação e empenho para o MEC. Ao todo, no ministério, houve uma retenção de R$ 2,4 bilhões, o montante representa 11,4% da dotação atual de despesas discricionárias da pasta e de suas unidades vinculadas - como as universidades, por exemplo.
Para cumprir o disposto no decreto, a Subsecretaria de Planejamento e Orçamento (SPO/MEC) bloqueou os limites de movimentação de empenho das Unidades Orçamentárias do MEC, equivalente à 5,8% da dotação atual das despesas discricionárias de cada instituição. Da FURG foram bloqueados R$ 2.687.619,00 do limite de movimentação de empenho. “Se o bloqueio da movimentação de empenho não for revertido, o que vai acontecer é que a gente não vai mais poder fazer nenhum tipo de compra ou contratação. O orçamento vai ficar parado no sistema, mesmo que disponível, mas sem poder ser utilizado”, explicou o pró-reitor de Planejamento e Administração, Diego Rosa.
De acordo com o reitor, Danilo Giroldo, a FURG já vinha em um momento de dificuldade orçamentária, proveniente principalmente do corte realizado entre os meses de maio e junho; contando com recursos empenhados apenas para que a universidade pudesse pagar suas contas básicas de funcionamento, como água e luz, por exemplo. “Somado ao cenário posto, o bloqueio impede a já pequeníssima margem de empenho que a gente tinha disponível para utilizar nos meses de outubro e novembro, sem a certeza de que a verba será liberada em dezembro”, declarou o gestor.
Giroldo reitera, também, que o texto do Decreto não garante a liberação do montante bloqueado, mas sim, possibilita a liberação, o que gera um cenário de incerteza. “Sendo assim, para os meses de outubro e novembro não existe a chance de fazermos nenhum outro movimento nos empenhos que não aqueles já realizados previamente”, adicionou o reitor. Estes valores já empenhados, basicamente, garantem o pagamento da assistência estudantil além do já mencionado pagamento das contas de água e luz até o fim de 2022.
Continuidade das atividades
Ainda segundo Giroldo não há nenhuma projeção que vislumbre a interrupção das atividades do segundo semestre letivo de 2022, que está em andamento, porém, caso o orçamento atual não seja complementado considerando o montante cortado e contingenciado ao longo de 2022; e se o projeto da LOA 2023 não trouxer nenhum nível de recuperação (considerando que atualmente ele é 12% menor que o ano anterior), o início do ano letivo de 2023 como planejado e já aprovado para o mês de março, se torna extremamente complexo e inviável.
“Ainda que se discuta sobre ser um corte ou não, um bloqueio ou qualquer outro termo, não se pode deixar de registrar a gravidade da situação, já que a nomenclatura não torna o cenário prático menos impactante. As universidades tiveram, mesmo que indiretamente, seus recursos retirados, já que a impossibilidade de usar o dinheiro não deixa de ser uma forma de cortar a verba. Este cenário fica ainda mais claro quando, por determinação de um decreto vigente sobre execução orçamentária, toda administração federal pode executar seu orçamento apenas até o dia 9 de dezembro. Então, mesmo que esses valores sejam disponibilizados para uso em dezembro, não há tempo hábil para de fato utilizar a verba”, detalhou o reitor.
Desdobramentos e cenários
Em matéria publicada neste portal, em 15 de setembro deste ano, na ocasião da já complicada situação orçamentária da universidade em função dos impactos sentidos em função do corte anunciado em maio de 2022; o reitor comentou sobre três possíveis desdobramentos provenientes do momento vivido. Com o novo Decreto, a movimentação se encaminha para o cenário mais desastroso, o de não existir complementação orçamentária ainda em 2022 em relação ao montante cortado do orçamento das universidades, e, também, a não complementação do orçamento de 2023 considerando o déficit deixado pelo atual momento financeiro.
O Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) 2023 apresenta uma redução de 12% na dotação destinada ao pagamento das despesas de funcionamento e uma redução de 29% nas despesas de capital, quando comparados com os recursos aprovados em 2022. Isso significa dizer que, se o PLOA 2023 se confirmar, teremos um orçamento menor do que em 2022; ainda mais impactado considerando os déficits deixados pelos impactos do novo decreto.
Situação prévia
Além do atual bloqueio do limite de movimentação de empenho o orçamento da universidade sofreu dois cortes em 2022: o primeiro aconteceu na própria Lei Orçamentária Anual (LOA), no valor de R$ 2,240 milhões no custeio - quando comparado com o PLOA 2022 -, e de R$ 1,46 milhões no capital - quando comparado com a LOA do ano anterior. O segundo corte aconteceu no mês de maio, com o bloqueio de R$ 4,201.163 milhões. “Somados, fala-se em uma perda de cerca de R$ 7,5 milhões no exercício deste ano, sem considerar o atual bloqueio do limite de movimentação de empenho”, explicou Diego.
Na prática
Diferentemente do bloqueio orçamentário sofrido em maio, o bloqueio de execução orçamentária não reduz o orçamento da FURG, mas impede que o dinheiro seja utilizado, uma vez que o primeiro passo para a execução orçamentária é a emissão da nota de empenho. Na prática, isso significa que a FURG, até que o bloqueio seja revertido, não tem possibilidade de fazer qualquer tipo de empenho, independentemente da fonte do recurso. Não sendo possível fazer empenhos, não há como efetivar novas compras e contratações, mesmo de processos já em andamento.
Os gastos da universidade são empenhados mês a mês, com exceção de algumas contas que podem ser estimadas, como é o caso da água e da energia elétrica, previamente empenhados conforme média mensal de gastos, e, portanto, protegidas do bloqueio imposto. Outras despesas, como o contrato para fornecimento de combustíveis para a frota de apoio – como é o caso do transporte interno -, ficam sem condição de empenho, e, portanto, não podem ser pagas, mesmo que haja dinheiro disponível, o que segundo Diego, não é o caso, fruto do corte prévio.
“No caso dos contratos de prestação de serviços, pela lei de licitações, a empresa deveria segurar o fornecimento dos serviços por até três meses em caso de inadimplência da administração pública. Ou seja, se a universidade não puder pagar os contratos, as empresas responsáveis devem realizar o pagamento pelo período estipulado”, elucidou o pró-reitor. Por isso, vislumbrando este dispositivo legal, não há previsão também de interrupção de serviços de forma imediata, embora, os mesmos estejam sob ameaça.
Participação da Andifes: luta coletiva
Após o comunicado sobre o novo Decreto, publicado pela Andifes na tarde desta quarta-feira, 5, a Associação chamou uma reunião extraordinária para debater o tema, e, em seguida, realizou – na tarde desta quinta-feira, 6 -, uma coletiva de imprensa para responder algumas dúvidas da imprensa. Na ocasião, o diretor, Ricardo Marcelo Fonseca, destacou a posição estratégica das universidades para o país, clamando por melhores condições e valorização deste importante ativo para o desenvolvimento econômico e social.
“As universidades são estratégicas para o estabelecimento da soberania do país, inclusive para o desenvolvimento econômico. As universidades são essenciais nos momentos de crise, como vimos na pandemia, aliás, se não fosse pela sua atuação nos hospitais universitários, na pesquisa aplicada e a própria atuação do SUS, a tragédia da covid-19 seria muito pior do que já foi”, Ricardo.
Sendo assim, somando-se a luta, a Andifes promoverá três caminhos para o combate aos cortes e bloqueios realizados na educação do país. De imediato, a associação promoverá ações de comunicação – como a própria coletiva de imprensa em questão -; a segunda atividade de combate se dará no campo jurídico, com um conjunto de ações avaliar a possível inconstitucionalidade do Decreto. Por fim, também será proposta uma mobilização nacional junto a cada uma das 69 instituições de ensino superior federais que compõe a educação superior gratuita no país.
Nota do IFSul
Confira abaixo o texto com o posicionamento do reitor sobre o bloqueio de recursos feito pelo Governo Federal
No dia 05 de outubro de 2022 foi anunciado pelo Governo Federal um corte no orçamento do IFSul, no percentual de 5,8% do orçamento previsto para 2022, o que se soma aos 7,2% já cortados anteriormente este ano. O novo corte é no montante de R$ 2.200.335,55, que se somam aos R$ 4.152,625,00 anteriores, totalizando neste momento mais de 6,3 milhões de reais.
Este bloqueio atingiu o orçamento de custeio e de investimento de forma direta. Os recursos de custeio são aqueles que permitem pagar despesas como água, energia elétrica, telefone e contratos de terceirização (vigilância, limpeza, serviços gerais, etc), bolsas (ensino, pesquisa e extensão), assistência estudantil, entre outros. Os recursos de investimento são aqueles que permitem a construção e reforma de prédios e a aquisição de equipamentos.
O orçamento de custeio previsto para 2022 em todos os 14 câmpus e reitoria era de R$ 42.088.793,00, com os cortes ficamos com um orçamento de R$ 35.735.832,45.
Nessa conjuntura não será possível fecharmos as contas de manutenção do IFSul até o final de 2022, mesmo diante da redução de gastos, que já vem ocorrendo ao longo dos últimos anos de forma significativa em todas as nossas unidades, com enxugamento de despesas, mas sempre tentando evitar ao máximo afetar a qualidade de ensino oferecida por nossa instituição, o que se torna cada vez mais difícil, quase impossível, diante do quadro que passamos a viver com os cortes efetivados.
De forma concreta, os cortes afetarão a assistência estudantil, a oferta de bolsas em projetos de ensino, pesquisa e extensão, além de visitas técnicas, estágios e os serviços terceirizados.
A nossa defesa e de toda a comunidade acadêmica do IFSul (estudantes, técnicos-administrativos, professores, terceirizados, estagiários e bolsistas) é para que possamos continuar a oferecer uma educação profissional e tecnológica de qualidade, reconhecida e referendada pela sociedade, mas em especial pelas comunidades das regiões onde estamos presentes, contribuindo com efetivas transformações de vidas através da educação.
Flávio Luis Barbosa Nunes - Reitor do IFSul
Marcelo Ferreira e Fabiana Reinholz- Brasil de Fato | Porto Alegre |
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