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Ansiedade no ambiente de trabalho
De acordo com dados do Ministério da Assistência Social, a ansiedade ocupa o terceiro lugar entre as causas que determinam afastamento do trabalho no Brasil. Entre outubro de 2023 e o mesmo mês de 2024, o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) concedeu 128.905 benefícios de auxílio-doença tendo como causa os transtornos relacionados com a ansiedade. Para falar desse tema, o programa Edição da Manhã da RádioCom recebeu nesta sexta-feira (8/11) a psiquiatra e professora do curso de medicina da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Nayhany Santos Araújo.
A psiquiatra entende que cada vez mais as pessoas estão procurando ajuda e, portanto, ocorre mais diagnósticos de ansiedade. “Felizmente as pessoas estão derrubando aquela barreira de que ‘eu sou forte’, que transtorno mental não existe, que isso é coisa de quem não quer trabalhar... Então essa visão errada se manteve por muito tempo, as pessoas tinham muita vergonha de falar dos transtornos de ansiedade e dos transtornos mentais”, afirmou. Nayhany apontou também causas históricas relacionadas ao trabalho e a pressão, a competitividade, a incerteza e a elevada cobrança – situações as quais os trabalhadores são submetidos diariamente.
“No mundo ocidental, o trabalho era visto como punitivo, porque as famílias abastadas, os senhores feudais, os barões não trabalhavam, e o trabalho era algo feito no sentido que era a classe mais baixa que trabalhava. Depois o trabalho foi valorizado e a produção dá significado para a vida. A pessoa tem que produzir mais – quanto mais ela trabalha, o quanto mais ela ganha, mas ela é valorizada na sociedade. Aí as duas visões dão um significado errado para o trabalho, que não deve ser algo punitivo, mas também nossa vida não pode estar inteiramente ligada ao trabalho, onde o quanto mais eu trabalho mais sou importante na sociedade”, comentou a entrevistada.
Outro ponto abordado por Nayhany Araújo foi o assédio moral tão presente hoje na rotina do ambiente do trabalho. “A gente vê empresa que não quer demitir o funcionário por questões trabalhistas para não pagar seus direitos, e aí coloca o funcionário em situação muito ruim para ele pedir a demissão. Também desvalorizar o funcionário, deixando ele com autoestima baixo, achando que não vai conseguir outro emprego: ‘Você é só um número, se você sair daqui, eu preencho a sua vaga, você não faz nada direito, a empresa é muito boa em te contratar’ – como se a empresa estivesse fazendo um favor em contratá-lo... E aí a pessoa vai acreditando nisso até ela estar num esgotamento ou até pedir demissão”.
A psiquiatra falou também das consequências da ansiedade que podem levar o trabalhador ao alcoolismo, ao uso de drogas ilícitas ou à dependência de medicamentos como os calmantes. Também apontou o tratamento mais indicado para tratar a ansiedade.
A entrevista pode ser assistida na íntegra no canal da RádioCom no YouTube.
Redação: Caldenei Gomes
Imagem: Arquivo YouTube RádioCom Pelotas
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