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A renúncia de Eduardo Leite (por Ronaldo Quadrado)
'Para tentar reverter o processo interno dentro do PSDB, e quem sabe ser candidato à presidência, Eduardo utiliza a retórica mais tradicional da política: a de que pensa no coletivo e deixa de lado o seu interesse individual'
A História é inimiga de políticos demagogos. Em 2012, Eduardo Leite foi candidato a prefeito de Pelotas e, durante a disputa, fez duras críticas ao seu principal adversário, Fernando Marroni, à época deputado federal pelo PT. Dizia ele que seria um prejuízo grande para a cidade se Marroni deixasse de ser deputado para assumir o cargo de prefeito, falsificando o papel de deputado, que é uma atuação de representação da esfera estadual e não local, como tentou fazer crer ao eleitor pelotense. E, principalmente, porque uma eleição proporcional, como é a de deputado, privilegia o programa político do partido ou da coligação, em detrimento a do sujeito. Neste caso, assumiria um suplente com o mesmo compromisso programático.
Pois agora, Eduardo renuncia ao cargo de governador do RS, essa sim uma eleição majoritária e nominal, onde o papel do indivíduo é muito mais destacada. Renunciou fazendo juras de amor ao partido que até outro dia esteve prestes a deixar e que está querendo desrespeitar o resultado de sua consulta interna, que indicou João Dória como pré candidato à presidência.
Para tentar reverter o processo interno dentro do PSDB, e quem sabe ser candidato à presidência, Eduardo utiliza a retórica mais tradicional da política: a de que pensa no coletivo e deixa de lado o seu interesse individual. Mas os fatos evidenciam que, além de abandonar o governo do estado, ele opera um golpe interno nas hostes do seu próprio partido para garantir a indicação que outrora perdeu pelo voto dos filiados. Eduardo tem ambição pessoal pelo poder e faz tudo que é preciso para conquistá-lo.
A sua gestão à frente do governo do estado foi mais do mesmo da direita: a venda do patrimônio público a preço de banana, o sucateamento dos serviços públicos, o desleixo com a agricultura familiar, a gestão omissa na pandemia, a inexistência de políticas de assistência social para uma população cada vez mais empobrecida pela linha econômica nacional de Paulo Guedes, que ele apóia, mas tenta disfarçar que não. Ele apoiou Bolsonaro para a presidência em 2018. Vendeu a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) pelo preço de um carro popular para uma empresa do multimilionário Jorge Paulo Lemann, financiador de bolsas de estudo e treinamento pra jovens políticos de direita.
O governo Leite é mais um velho modelo neoliberal de transferência de serviços públicos ao setor privado, o que diminui o controle social das políticas de governo, reduz os encargos e direitos sociais como um todo e defende os princípios econômicos do capitalismo.
Eduardo não é a nova política. Sempre se apropriou desse discurso, mas suas práticas demonstraram o contrário desde os primeiros movimentos de sua carreira política. Em uma de suas primeiras campanhas para vereador, utilizou o slogan “a política pode ser legal”, tentando fortalecer no imaginário do eleitor que sua candidatura era algo de ‘novo tipo’ quando, na verdade, logo depois, foi chefe de gabinete de um prefeito herdeiro do espólio arenista, Fetter Jr. do PP. Na verdade, até Fernando Collor se apresentou como ‘nova política’ e o desfecho sabemos qual foi.
Há trinta e dois anos, um governador gaúcho não abandonava o mandato - o último foi Pedro Simon. O Rio Grande, por sua história de altivez que conta com nomes como Leonel Brizola e Olívio Dutra dentre seus mandatários, não combina com renúncias. Leite sai do governo e entra para história como o governador que colocou seu projeto pessoal acima do povo gaúcho. Eduardo a história não te absolverá!
Por Opera Mundi
Ronaldo Quadrado é vice-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) de Pelotas.
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