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60 ANOS DO GOLPE DE 1964
Golpe é algo que vai sendo gestado, não acontece de repente. O golpe de 1964 foi tentado em 1954 contra o Estado Nacional Soberano e Desenvolvimentista criado por Getúlio Vargas, PTB, e só não teve sucesso porque Getúlio se suicidou e deixou a Carta Testamento apontando os culpados pelo seu ato extremo:
“Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais... A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios... Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida... Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém... Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo...”.
O Golpe foi tentado novamente em 1961, quando Jânio Quadros renunciou e o vice-presidente João Goulart, PTB, herdeiro político de Getúlio, deveria assumir o que era inaceitável para os golpistas.
O Golpe fracassou porque Leonel Brizola, PTB, então governador do Rio Grande do Sul e também herdeiro Político de Getúlio, cunhado de Jango, criou o Movimento da Legalidade, mobilizou a população inclusive distribuindo revólveres, a Brigada Militar que na época tinha armamento militar e conquistou o apoio dos soldados, sargentos e tenentes da aeronáutica, do general legalista José Machado Lopes, comandante do III Exército, maior exército nacional naquele momento.
Mas João Goulart recusou a proposta de Brizola de tomar posse com plenos poderes de presidente, sendo escoltado de Porto Alegre até Brasília, pela população armada, pela Brigada Militar, pelo III Exército, pois temia uma guerra civil que se anunciava com o confronto com outras divisões do Exército que estavam ao lado dos golpistas. Aceitou assumir como presidente em um parlamentarismo inventado às pressas para tirar-lhe os poderes de presidente.
Em 1963 quando Jango consegue, através de um plebiscito, retomar os poderes plenos de presidente em regime presidencialista, dando continuidade as propostas nacionalistas e sociais de Getúlio Vargas, apresenta suas Reformas de Base: 1) Reforma Agrária (democratizar o acesso à terra); 2) Estatuto do Trabalhador Rural (estender os direitos dos trabalhadores urbanos aos rurais) ; 3) Reforma Educacional (método Paulo Freire); 4) Reforma Fiscal (limitar a remessa de lucro das empresas para o exterior, promover a justiça fiscal e melhor arrecadação do Estado); 5) Reforma eleitoral (extensão do direito de voto aos analfabetos e aos militares de baixa patente, legalização do PCB); 6) Reforma Urbana (habitação digna para pessoas de baixa renda); 7) Reforma bancária (dar acesso ao crédito aos produtores rurais).
No dia 1 de abril de 1964, já sem o apoio armado do III Exército, da Brigada Militar e sem a mobilização popular a seu favor, o pecuarista, latifundiário Jango é retirado do poder em nome da “Família, Deus e pela liberdade”, Jango foi acusado de ser comunista. Hoje é público e notório que o Golpe de 1964 foi patrocinado por grandes empresários, Golpe Empresarial-Militar, com o apoio do governo dos EUA, contra a Soberania Nacional brasileira e em defesa do maior lucro das empresas multinacionais no Brasil e para eliminar a chance do povo brasileiro poder desfrutar das imensas riquezas que ele próprio produz, mas que são apropriadas por muito poucos dentro e fora do país.
O Golpe de 1964 foi dado para que as aves de rapina continuassem sugando o sangue do povo brasileiro.
Redação: Marcus Cunha
Advogado de direito previdenciário e Ex-Vereador
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